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domingo, 28 de março de 2010

ENTRE A LATA E A MANTEIGA


Marimbondo dourado, brucutu, homem das cavernas, homofóbico, desaforado, falso. Talvez nenhum adjetivo provindo da casa do Big Brother Brasil 10 poderia ter combinado tanto com Marcelo Dourado como "o homem de lata".

Na história do Mágico de Oz, o personagem sonhava com um coração. Na vida real, o gaúcho brutamontes, de braços tatuados e lingua afiada, está entre os favoritos para o prêmio de R$1,5 milhão, faz papel de guerreiro e insiste que, dentro da carapaça de metal, pulsa um coração.

- Sou chamado de homem de lata pelos amigos não porque não tenho coração. É porque parece que eu não tenho - justificou ele dentro da casa.

Quem conhece a trajetória do confinado que nasceu no Chile, devido ao refúgio político do pai, e foi trazido à Capital ainda bebê, confirma a semelhança dele com o personagem de L. Frank Baum. Os indícios teriam começado na infância: entre a aula de dança e a companhia que fazia à mãe, Rose Porto Alegre, Dourado teve a oportunidade de interpretar o próprio homem de lata no teatro. Sentia orgulho de se apresentar ao lado de atores adultos.

- Ele também foi Pluft, o Fantasminha. E sempre soube que o homem de lata tinha um coração tão imenso que chegava a caminhar com cuidado para não esmagar as formigas - lembra Rose.

Para fazer o contraponto com o teatro, a dança e dar amadurecimento ao guri sapeca que corria com os amigos e caia tombos por aí, Dourado passou a se dedicar ao judô - o que o ajudou, aos poucos, a fortalecer a armadura de homem de lata. Nos tatames, o sansei Fernando Lemos teria sido uma espécie de segundo pai para ele. Treinou-o por 15 anos e compartilhou momentos importantes da vida do adolescente que, na época, morava com a avó e a tia Rosângela.

- Ele foi o melhor aluno do judô, e o treinador ensinou uma série de coisas que não tive condições de mostrar para ele. Fui um pai ausente em termos físicos, mas sempre tentamos manter a união da nossa família, que é muito moderna - afirma o pai, Marco Antônio Lima Dourado.

A vazão ao gosto pelo esporte o levou à faculdade de Educação Física da UFRGS e ao estudo aprofundado da vida de lutadores que admirava. Queria conhecer técnicas e aplicá-las. E colocou-as em prática ensinando jovens e adultos.

- Ele sempre foi polêmico. Não é preconceituoso como parece, tem carisma de professor, mas não tem tato para lidar com alguém do lado dele por tanto tempo - afirma o ex-aluno Roberto Schulze, justificando a idéia de frieza que o brother passa aos confinados.

Depois de lutas, percalços, pouca fama e um paredão com 60% de rejeição no BBB4, Dourado talvez esteja mais maduro na segunda edição que participa do programa. Não dispensa a própria opinião e evita envolvimentos afetivos. Seria um coração de pedra em casca de lata?

Uma das razões apontadas por amigos é o relacionamento com Erika, a namorada que, há cinco anos de idas e vindas, segue com ele. Para o pai, a definição está no próprio perfil do filho:

- Ele pode ser chamado de ogro, violento, polêmico. Mas sabe tratar bem as pessoas, sim. É uma manteiga para as mulheres.



De um "BBB" a outro


Não foi fácil a lacuna de seis anos que separou o lutador Marcelo Dourado das duas edições do Big Brother Brasil. De moicano a homem de lata, ele ficou praticamente fora da mídia. Mudou-se para o Rio, recebeu convites para eventos, foi detido por suspeita de porte de drogas em uma rave no Riocentro. Com currículos em mãos, procurou empregos em academias e conseguiu manter um salário mensal com as aulas.

No último ano, realizou o antigo sonho de ir para Nova Zelândia. Largou os cinco empregos que tinha, vendeu uma moto e um fusca velho. Ficou por lá durante seis meses, comendo sanduíches, separando caixas em uma empresa de exportação de kiwi e atuando como segurança de boate.

- Ele não conseguiu focar na Educação Física. Mas ele foi sozinho, aprendeu a valorizar as pequenas coisas e voltou mais maduro - afirma a amiga e assessora Aline Antonoff.

Começando do zero novamente, Dourado se instalou na casa da amiga assim que pisou de volta ao Brasil. Considerava-se feliz e permaneceu ali por três meses, enquanto buscava novas oportunidades. Com os empregos conquistados em academias de ginástica, decidiu viver na favela do Terreirão, onde também participava de projetos sociais.

- Era mais perto de todos os empregos dele. Foi a solução - explica Aline.

Até que foi convidado pela TV Globo para tentar entrar na casa mais vigiada do Brasil pela segunda vez.

Fonte: Jornal Zero Hora

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